Automatização de processos robóticos
- Reprodução da publicação da entrevista a Virginia Carretié, Diretora Territorial Norte do Grupo Satec, no número 181 Março – Abril da revista Moneda Única. Podes vê-la aquí.
O que é que implica a automação robótica de processos e que diferença existe entre esta e a automação tradicional?
A automação robótica de processos (RPA) é a simulação da interação de um usuário com um sistema de informação. Utiliza-se para a automação de tarefas repetitivas, normalmente de baixo valor acrescentado. Até aqui, esta definição poder-se-ia aplicar tanto à automação tradicional, como à automação robótica. A diferença entre uma e outra reside em que, enquanto a automação tradicional substitui um processo de princípio a fim, sem nenhuma intervenção de outros factores, a automação robótica é capaz de ter em conta o contexto e tomar decisões. Esta “capacidade de decisão” da automação robótica consegue-se graças à incorporação de dois elementos-chave:
- um orquestador, que permite controlar todo o processo, intercalar e/ou alternar automatizações com interações do usuário, com outros RPA, e incluso com outros processos e sistemas, em função das diferentes tomadas de decisões;
- inteligência artificial para incrementar as capacidades de interpretação, compreensão e aprendizagem do ambiente no qual se desenvolve o RPA.
Como é que esta inovação se está a implementar em Espanha?
A automação robótica de processos está a ser implementada, maioritariamente neste momento, em processos simples, como por exemplo: preencher formulários, extrair informação de um sistema e inseri-la noutro, ler e-mail, interpretá-los, reunir informação adicional e responder, converter informação desestruturada em estruturada, elaboração de relatórios incorporando fontes de informação de diversa índole, etc.
Muitas empresas estão a comprovar a eficiência que lhes pode fornecer aos seus processos e estão a avaliar, positivamente, o seu potencial. A automação com RPA tem um claro impacto na produtividade, na qualidade, na agilidade dos processos, na redução de custos e numa melhor gestão da informação. São muitos os benefícios, pelo que será, sem dúvida, uma tecnologia muito generalizada em pouco tempo.
Quais são os desafios para as empresas que desejem incorporar o RPA?
O principal desafio na RPA é semelhante ao qual nos enfrentamos no momento de incorporar qualquer nova estratégia numa organização: devemos ter uma visão, uma estratégia e uma abordagem claros. Depois de termos claro onde queremos chegar, teremos desafios mais específicos da automação, como a fragmentação dos processos, a diversidade de tarefas envolvidas nos mesmos ou a falta de homogeneidade. Vale a pensa destacar também que, desde o ponto de vista das pessoas, será necessário prestar uma especial atenção à sua capacitação, bem como fomentar uma cultura de aprendizagem e inivação na organização.
Que vantagens pode ter uma empresa, em processo de internacionalização, em investir numa RPA?
O investimento na RPA, para além de ter como benefício em qualquer empresa a redução de custos e o aumento da produtividade, no caso das organizações globais pode significar grandes vantagens derivadas da homogeneização dos processos, rapidez e facilidade para a implantação de qualquer tarefa nova ou modificação dos processos existentes, minimização de erros e melhoria da qualidade.
A facilidade de implementação de processos e tarefas que outorga a RPA permite implantar, com uma grande agilidade e segurança, os processos de forma homogénea em toda a organização. Além disso, estes processos podem ser auditados automaticamente e modificados para a sua melhoria, de forma rápida e segura. Os processos automatizados também facilitam a escalabilidade e a flexibilidade da organização, dotando-a de capacidades de crescimento e de adaptação ao meio, capacidades absolutamente necessárias no ambiente de volatilidade e incerteza no qual nos encontramos na atualidade.
Esta homogeneização nos processos também facilita que a qualidade do serviço e a experiência do cliente seja a mesma em toda a organização, independentemente da localização e das pessoas que intervenham. Minimizam-se os erros, evitam-se duplicidades e diminuem-se os tempo, possibilitando a transferência aos clients das eficiências obtidas na melhoria dos processos.
Por último, que impacto tem a RPA nos recursos humanos?
O impacto mais imediato é a eliminação de tarefas repetitivas, pelo que as pessoas se podem dedicar a tarefas de maior valor, redundando não só no contributo deste valor à organização, mas também na satisfação das pessoas com o seu próprio trabalho.
No entanto, a implementação da RPA nos processos de negócio pode implicar outros benefícios que talvez não sejam tão óbvios e que estão relacionados com a cultura da empresa. A RPA permite avançar para forma mais ágeis de trabaho, para uma organização mais dinâmica, centrada nas pessoas, com cilos de decisão e implantação curtos e com uma aprendizagem contínua que facilita muito a adoção de uma estratégia de melhoria contínua na organização.