Segundo uma sondagem realizada por McKinsey Global, como consequência da crise da COVID-19, as empresas aceleraram a sua transformação digital ao equivalente a 3 ou 4 anos em poucos meses [1]. Os prestadores de serviços de comunicações (CSP) são os protagonistas da transformação digital dos demais setores, dado que os alimentam proporcionando um importante habilitador da digitalização: os serviços de comunicações. É por isso que os CSP tiveram um aumento de volume de negócio que desafiou os limites das infra-estruturas de comunicações.
Vejamos os principais desafios aos quais se enfrentam os CSP atualmente:

Figura 1 Dificuldades mais significativas às quais se enfrentam os CSP
O desafio fundamental dos CSP é fazer frente a um mercado com uma competição disruptiva e uma demanda dos seus clientes que vai mudando bastante. Esta demanda de serviços de comunicações está a crescer de forma exponencial, mas, entre a concorrência feroz e a demanda por preços mais económicos por parte dos clientes, mais os investimentos mais frequentes necessários para satisfazer a demanda, fazem com que a margem de manobra dos CSP para o crescimento orgânico e a inovação seja limitada.
Para fazer face à forte procura e à concorrência cada vez mais ágil, os CSP necessitam alterar o seu modelo de negócio e os seus processos, transformando a agilidade na tomada de decisões, na cultura, na forma de trabalhar e sistemas que os suportam. Isto é, necessitam uma transformação digital que lhes permita evoluir desde prestadores de produtos tradicionais de conectividade para um modelo de produtos “as a service” que lhes permita ir mais além e converter-se em prestadores de serviços digitais (DSP).
Um exemplo do serviço digital é o conceito de Connectivity as a Service (CaaS). O poder obter serviços de comunicações à medida com um clique é algo que está cada vez mais próximo e será solicitado pelos clientes, à medida em que as tecnologias como o 5G ganhem mais ênfase. Num mundo hiperconectado como o que se avizinha, a conectividade como serviço pode ter um caráter tão temporário como a retransmissão em direto de um jogo de futebol em 8k, com uma necessidade de qualidade muito concreta e à medida do evento. Como pode um CSP conseguir isso?
Como pode a indústria encarar estes desafios e a transformação a DSP?
Grande parte dos atores desta indústria agrupam-se através do TM Forum, uma aliança de mais de 850 empresas que trabalham juntas para romper as barreiras entre os principais “players” do setor. Os seus membros incluem prestadores de serviços digitais e de comunicações, empresas telefónicas, operadores de cabo e de rede, prestadores de nuvem, de infraestrutura digital, de software, de equipamentos, integradores de sistemas e consultorias de gestão.
A chave é que o TM Forum ajuda a construir um ecossistema entre CSP e prestadores de soluções, de forma a que possam trabalhar e ser mais eficientes em ajudar a indústria a fazer frente aos seus desafios. De entre outras coisas, o TM Forum ajuda a:
- Planificar e gerir o caminho para a transformação através de ferramentas, como o Modelo Digital de Maturidade;
- Resolver problemas rapidamente, mediante o uso da inteligência coletiva de empresas de telecomunicações e prestadores para criar ferramentas e marcos de trabalho amplamente adotados, tais como as Open API, que dirijam a execução da transformação;
- Acelerando a inovação através de provas de conceito rápidas como os Catalyst Programs e servindo como ponto de encontro para o desenvolvimento coletivo de implementações de referência.
As ferramentas mais destacáveis para esta viagem transformadora são as metodologias ágeis, OpenAPI e cloud-native.
As OpenAPI como habilitadoras da interoperabilidade e a automatização

Figura 2 As OpenAPI fomentam a inovação [2]
As API (Application Program Interfaces) são ferramentas-chave para todo o tipo de negócios e indústrias. Desde um ponto de vista técnico, permitem a interoperabilidade entre distintos sistemas ou aplicações e, como tal, com as organizações. É por isso que as API estão a alimentar uma nova onda de inovação centrada nos serviços digitais que catalisam a colaboração e associação de empresas para conformar verdadeiros ecossistemas digitais.
O termo OpenAPI é, em realidade, sinónimo de OpenAPI Specification. A OpenAPI Specification define uma interface standard e agnóstica da linguagem para API HTTP, que permite tanto a humanos como a máquinas, descobrir e compreender as capacidades de um serviço sem necessidade de aceder ao código fonte, documentação ou inspeção do trâfego [3].
A OpenAPI Specification está definida e governada pelo The OpenAPI Initiative (“OAI”), que é um consórcio de especialistas da indústria que soube reconhecer o imenso valor que importa padronizar na forma na qual se descrevem as API. [4]
Seguindo a OpenAPI Specification é possível descrever um API REST incluindo a seguinte informação:
-
- Endpoints e a suas operações (GET /user, POST /users);
- Parâmetros de entrada e saída para cada operação;
- Métodos de autenticação;
- Informação de contacto, licença, termos de uso, etc.

Figura 3 Estrutura básica de uma definição OpenAPI [5]
Uma descrição OpenAPI pode, então, ser utilizada por ferramentas automáticas (como Swagger [6]) para gerar documentação, código para servidores e clientes, código para testes e muitos outros casos de uso.

Figura 4 Os benefícios do desenvolvimento dirigido por OpenAPI [7]
TM Forum OpenAPIs como habilitador dos ecossistemas digitais
Na era dos ecossistemas digitais, as TM Forum OpenAPI são uma valiosa ferramenta para romper as barreiras de integração que bloqueiam a transformação digital dos CSP.
As TM Forum OpenAPI são uma suite de +50 API, desenvolvidas colaborativamente por membros de TM Forum para habilitar os ecossistemas digitais. Estas permitem gerir os serviços digitais desde o princípio ao fim do seu ciclo de vida num ambiente no qual há vários parceiros envolvidos na prestação do serviço. As API baseiam-se em padrões de desenho fortemente estabelecidos na indústria que permitem a sua rápida implementação. Sigue nuestra participación en foro portugal telecom.
A chave do seu sucesso é a clara orientação prática, facilitando especificações, implementações de referência e testes de conformidade. Isto facilita uma rápida implementação das API que contribui para a construção de soluções ágeis e efetiva em custos.
Resulta muito interessante explorar o TM Forum Ecosystem API Portal [8] que serve como guia para a adoção e implementação destas API. Particularmente valiosa, para todo aquele que queira adotar uma iniciativa de padronização similar noutros domínios, é a guia de desenho de API TMF630 [9]. Também a documentação de cada API na tabela de OpenAPI pode dar origem a adotar uma destas API ou servir como fonte de inspiração para outras de âmbitos similares.
![Ilustración 5 Tabla de Open API [8] jk](https://www.satec.es/wp-content/uploads/2021/06/Ilustracion-5-Tabla-de-Open-API-8.png)
Figura 5 Tabela de Open API [8]
Outro artigo que poderá ser do seu interesse: Teleassistência Preventiva para Lutar contra o Coronavírus
As TM Forum OpenAPI são um standard; de facto, cada vez mais CSP o adotam e exigem aos seus prestadores. Como se pode ver na figura, hoje, a indústria está a mover-se linearmente para uma adoção madura das OpenAPI.

Figura 6 Mecanismos de adoção de Open API pelos CSP [8]

Figura 7 Assinantes do manifesto Open API & Open Digital Architecture [10]

Figura 8 OpenAPI Dashboard [11]

Figura 9 Processo de melhoria contínua para a migração para a nuvem [12]
Open digital architecture para completar a transformação
Como já foi visto, a adoção de OpenAPI por parte de prestadores de serviços e CSP vai tornar possível a interoperabilidade entre distintos componentes de software provenientes de vários prestadores de serviço ou outros CSP. Isto transformará a maneira de enfrentar integrações e padronizações de um modelo rígido, com elevados custos económicos e temporais, e muitas vezes, um único vendor, com uma forte dependência do prestador de produtos e serviços, que faz com que não seja possível substituí-lo sem enfrentar os custos substanciais “vendor lock-in” para um modelo multi-fornecedor que permite o ensaio erro e fomenta a inovação. Este modelo flexível combinado com o caráter cloud-native que, cada vez mais, vai adotando as soluções software, desemboca num modelo Marketplace onde os CSP poderão adquirir soluções segundo o modelo SaaS.
Para avançar desde um conjunto de OpenAPI a um Marketplace de componente no qual os CSP possam adquirir e configurar, de forma ágil e simples, os seus componentes, TM Forum deu o passo em 2018 ao apostar pela definição de uma arquitetura que dê forma a esses componentes. Esta arquitetura é a Open Digital Architecture (ODA).
A Open Digital Architecture define um marco de trabalho de arquitetura, linguagem comum e princípios de desenho. As bases desta arquitetura são componentes de software interoperáveis organizados em domínios que expõem serviços de negócio através de OpenAPI. A anatomia de um componente ODA é a da seguinte figura.

Figura 10 Anatomia de um componente ODA [13]
Onde está a SATEC?
Satec tem uma grande experiência em integrações e desenvolvimentos de soluções BSS/OSS para CSP como Orange ou Telefónica entre outros. Durante os mais de 30 anos que levamos na realização de projetos onde selecionamos e integramos as melhores soluções do mercado para trazer valor aos CSP, vimos como estes sofriam as dificuldades expostas ao princípio do artigo que impedem a inovação e a agilidade necessária para a sua transformação digital. Por tal, decidimos criar alvatross, uma divisão de produto dentro de Satec que oferece produtos OSS. Os produtos de alvatross nasceram seguindo a estrela polar das OpenAPI e com o modelo colaborativo de TM Forum no ADN. Estes produtos permitirão aos CSP lançar ao mercado produtos e serviços muito mais rápido, abrangendo o ciclo completo de fulfillment de serviços através de uma plataforma cloud-native baseada em micro-serviços e OpenAPIs.
Satec utiliza sempre os últimos paradigmas, tecnologias e metodologias nas suas soluções e produtos. Somos especialmente inovadores no uso de OpenAPI, AIOps, RPA e micro-serviços.
Para seguir na vanguarda da tecnologia somos assinantes do manifesto de Nível 2 de “Open API & Open Digital Architecture” de TM Forum, e também participamos ativamente nas iniciativas de TM Forum para que ODA (Open Digital Architecture Component Accelerator) se converta numa realidade.
[1] McKinsey, «How COVID-19 has pushed companies over the technology tipping point,» [En línea]. Available: https://www.mckinsey.com/capabilities/strategy-and-corporate-finance/our-insights/how-covid-19-has-pushed-companies-over-the-technology-tipping-point-and-transformed-business-forever.
[2] S. LABS, «Open APIs will Drive Innovation in a Mobile World,» [En línea]. Available: https://labs.sogeti.com/open-apis-will-drive-innovation-in-a-mobile-world/.
[3] O. Initiative, «OpenAPI Initiative,» [En línea]. Available: https://spec.openapis.org/oas/v3.1.0.
[4] «OpenAPI initative,» [En línea]. Available: https://www.openapis.org/about.
[5] Swagger, «OpenAPI definiton basic structure,» [En línea]. Available: https://swagger.io/docs/specification/basic-structure/.
[6] Swagger, «Swagger,» [En línea]. Available: https://swagger.io/.
[7] K. Vasudevan, «The Benefits of OpenAPI-Driven API Development,» [En línea]. Available: https://swagger.io/blog/api-strategy/benefits-of-openapi-api-development/.
[8] T. Forum, «TM Forum Ecosystem API Portal,» [En línea]. Available: https://projects.tmforum.org/wiki/display/API/TM+Forum+Ecosystem+API+Portal.
[9] T. Forum, «TMF630 API Design Guidelines 4.0.1,» [En línea]. Available: TMF630 API Design Guidelines 4.0.1.
[10] T. Forum, «Open API & Open Digital Architecture Manifesto,» [En línea]. Available: https://www.tmforum.org/oda-interactive-map/open-digital-architecture-open-api-manifesto/.
[11] T. Forum, «Open API dashboard,» [En línea]. Available: https://www.tmforum.org/wp-content/uploads/2021/04/TM_Forum_Open_APIs_Dashboard_March_2021.pdf.
[12] T. Forum, «IG1221 BSS/OSS Cloudification Guide part 1,» 2020.
[13] T. Forum, «IG1171 ODA Component Definition,» 2019.